Faz duas semanas, desloquei-me à esquadra da Polícia de Tadjenanet, para tratar do meu atestado de residência provisório. Fui com uma funcionária argelina da administração (mulher mais linda, mistura de árabe com África negra) , um japonês e um filipino.
Entrámos na esquadra, indicaram-nos o caminho para o 2º andar, para uma sala onde estavam dois agentes para nos receber. Um a um foi-nos perguntado as informações contidas no passaporte. Depois assinei 5 papeis em Árabe e depositei a minha impressão digital noutros 5. Não sei o que assinei, nem perguntei, o meu visto estava caducado fazia 4 dias e precisava daquele pedacito de papel para sair daqui! Quando pedi um papel para limpar a tinta das mãos olharam para mim incrédulos! Pedi então para ir à casa de banho, mas aquela a qual podia ir estava ocupada. No entanto o ser Português aqui é uma clara vantagem sobre os asiáticos! O falar francês também!
Fui bem tratado, mas não sei o que assinei! Já não me preocupo com essas coisas! Afinal o mais importante é mesmo ter o papelinho que me permita sair daqui quando quiser! Embora recentemente tenha descoberto um outro imprevisto que me pode dificultar uma escapada de emergência. Não consigo levantar dinheiro com o Mastercard no Banco Nacional da Argélia! O único existente! Só nos grandes hoteis ou nas caixas Multibanco, que são praticamente inexistentes e que quando se encontram estão fora de serviço! Bem haja o telemóvel, pelo qual posso marcar um vôo e sair daqui em caso de emergência!
Luzes
Há 13 horas
5 comentários:
Estava a ler-te e lembrei-me logo dos imigrantes com quem trabalho todos os dias. Especialmente dos que chegam do Leste Europeu, sem falar uma palavra de português. Ir ao SEF, voltar com uma montanha de papeis indecifráveis... E esse sentimento que descreves... às tantas ninguém se importa de não fazer a mínima ideia do que está a assinar, desde que a assinatura garanta a sua legalidade... A legalidade... categorizar pessoas como legais ou ilegais é verdadeiramente assustador, não? Gosto particularmente da postura dos africanos em relação a documentos e papeis. A maioria não vê qualquer utilidade neles (gente iluminada!), não é coisa que lhes tire o sono. Lembro-me de um caso, num bairro de construção ilegal, onde fizémos um levantamento das famílias que ali viviam, quase todas de origem angolana. Ao verificar-mos a documentação de uma das famílias, vimos que a documentação da bebé não estava correcta, estava referenciada como sendo do sexo masculino. Perguntámos à mãe se já tinha dado pelo erro e ela respondeu: "Claro, senhora, mas já corrigimos na cédula". Olhámos para cédula da bebé, que se chamava Paula,e lá estava... com uma caneta, a mãe tinha acrescentado ao "o" de Paulo, uma "perninha". Vê senhora? "Já está!"...
Que nunca te acabe o saldo nem a bateria do telemóvel.
Afinal no teu caso funciona quase como um colete salva-vidas. ehehhe
Sensação estranha essa que deves ter sentido ao assinares documentos que nem sonhas o que lá estava escrito.
Curioso como o teu instinto te deixou confiar.
Beijinhos
Lavaroti
E por que queres sair daí a correr?
Isso de não poder levantar dinheiro....a mim faria confusão...pelo menos tens a bateria e o carregador do telemóvel....dessa forma consegues manter a ligação ao mundo "civilizado"....just in case...
Beijitos
Estela
Um dia destes no meu dessas papeladas está uma certidão de casamento e mudas de clube mesmo sem dar por isso! :))))))
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