segunda-feira, 26 de abril de 2010

AIR


Por vezes um vislumbre. Um aceno com a cabeça. Um concordar silencioso com os olhos. Muito raramente um " tu as raison!". Seguido de um voltar as costas, cúmplice, silencioso e envergonhado.
A minha última táctica de "ataque" é falar da mutabilidade. Tudo muda! O mar, a montanha, o clima, o vento! O universo em expansão e em constante mutação!
Tudo muda... menos o Corão.
Já distribui filmes, documentários. Já tive conversas sem fim... Estou cansado...
Na maioria das vezes toco. Abro uma pequena porta de entrada. Pelo menos assim parece. Assim o sinto. Mas não deve perdurar mais que 5 minutos. Ou pelo menos até ao regresso à vida normal.
Do convívio destes muçulmanos, que do que pregam, nada têm. Não há respeito nem fraternidade. Não há nada mais do que eu primeiro e os outros a seguir.Se é que sequer há espaço para os outros. Podia contar estórias atrás de estórias. Coisas ouvidas, coisas vistas e coisas sentidas.
Espero que de tanta semente, uma flôr nasça. Se dessa flôr, mais duas nascessem...
Impressionante! Num sítio com tanto espaço para respirar, as pessoas parecem claustrofóbicas. Aqui não se pode falar. Aqui o direito à diferença não existe. Pode ser apenas pensado e sentido em solidão. Não pode ser partilhado.
Aqui há muito AR... mas não se pode respirar!


sábado, 3 de abril de 2010

Stereo_gr7m




Esta grade não existe.
É uma ilusão






quarta-feira, 31 de março de 2010

Ponto de situação


Já estava para aqui vir há uns tempos. Vim hoje por incentivo indirecto (leva c? ou não está de acordo com o acordo?) de uma mui querida amiga!
Por vezes penso que foi mesmo pelo melhor vir trabalhar nestas condições "guantanamescas". Por motivos intrinsecamente pessoais e pelos ganhos que daí advieram. Como também pelo inconformismo e desagrado que me provoca a condição feminina no mundo islâmico. Segundo o rating feito pela Freedom House, a Argélia, figura no pódio dos países muçulmanos com melhores condições de vida no que diz respeito a: "Femmes - Où fait il bon vivre au Maghreb". É este o título de um artigo que li numa revista chamada Jeune Afrique. A Tunísia recebe o 1º posto, seguida quase em igualdade por Marrocos e Argélia. Tudo isto nota-se menos no interior onde me encontro. Sobretudo em Setif, cidade grande mais próxima de onde me encontro. Uma Wilaya com crescimento exponencial nos últimos vinte anos, sendo já a 3ª do País. Mas tecida de muita migração de gente pobre à procura de uma vida melhor. Creio que se tivesse mais liberdade de movimentos, envolver-me-ia numa luta cívica e ainda era expulso ou desapareceria para nunca mais ser encontrado. Mas sentem-se ventos de mudança. Umas coisas puxam pelas outras. Se calhar as coisas ainda vão acontecer aqui antes de acontecer qualquer coisa no Irão. Agora pelo menos uma vez por semana tento comprar e ler os jornais locais de expressão francesa. A corrupção grassa por todo o lado. O Presidente re-eleito (seleccionado), é um septuagenário, que só serve para receber o Zidane e convidá-lo para seleccionador da selecção de futebol. O segundo ópio do povo a seguir ao Islão, embora seja o primeiro mas não é porque é de livre escolha! A empresa que fiscaliza as obras públicas, DPN, viu o seu presdiente ser preso há cerca de dois meses. Caso de corrupção. O projecto no qual me encontro a trabalhar vale 30 Biliões de Euros. A Sonatrach que regulamenta e controla o negócio do petróleo tem escândalos atrás de escândalos. Greves de todos os sectores da função pública. Respiram-se ares tímidos de revolução socio-cultural. A imprensa fala claramente sobre os problemas, mete os dedos nas feridas e questiona ministros e figuras do aparelho de estado sem medos. O País segue sem rumo, espera-se uma atitude ou uma declaração do Presidente em relação a todas estas questões. O silêncio poderá ficar ensurdecedor.
Por outro lado temos uma repressão social traduzida em barreiras da "Gendarmerie National" por todas essas estradas fora. Mas não fazem mais nada, só controlar o trânsito, caçar a multa e o suborno. Coisas que já vi presencialmente, inclusive encontro num café para receber uma carta de condução apreendida a troco de 1500DNA (cerca de 15 €). O exemplo vem de cima. Estas gentes anestesiadas por anos de guerra civil e terrorismo. Reprimidas por feridas de guerras e terror fundamentalista religioso. Até quando se calarão? Até quando se contentarão com café barato, pão, batatas, futebol e tarifas económicas de telemóvel? Aguardo, com esperança. Um dia o medo vai-se e fica a fúria. A fúria dos muitos que nada têm contra os poucos que têm mais que muito!

P.S.- Para quem interesse: http://www.elwatan.com/

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Esqui(vo)ço


Apetecia-me dizer umas quantas coisas... Mas a maioria não ia entender... Talvez não seja o "tempo", a altura. Pelo menos no sentido linear que o 3D permite. Porque foi, porque está pensado, escrito ou garatafunhado. Talvez a ideia vos apanhe no tempo ou vocês apanhem a ideia. Não faz grande sentido é dizê-lo se não se está preparado para escutá-lo. Dito isto, já estou a dizer muito sem dizer nada. Só espero que não seja eu que não esteja preparado para dizê-lo. Não! Já está dito e vou dizendo fazendo!

I HAD(VE) A DREAM!!

Fica ali no rascunhos

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

attic


ando a limpar o sótão
há anos que não cá subia
quer dizer
subia mas não ficava

danada poeira e bicharada
se o soubesse antes
por cá mais tempo demorava

barulhos esquisitos

coisas que não se mostram

relances na visão

parecem sujos e mal educados
sabem bem que se se mostrarem

desaparecerão

tenho que abrir os olhos

talvez mais o coração

eliminar o ego

provocar a disseminação

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Quem me dera ser um momento...


Como um anjo em ascensão. Meio curvado com o peito para cima, asas para baixo e braços bem abertos. No limiar da energia, explodiu. Desfez-se em milhões de partículas. Continuando a sentir todas e cada uma delas. Dentro daquela caverna mágica fazia parte de tudo, sentia tudo... pertencia ao Todo. Pertencia a uma ordem diferente. Em que tudo é só um e se está em mais do que um sítio ao mesmo tempo. Em que as coisas não têm só uma velocidade... Andam à velocidade que precisam de andar para que ele as sinta, para que ele as seja. Numa dança sem espaço nem tempo, como Poseidon rodeado de 3 Nereidas, numa espiral de cores de um universo parado mas sempre em movimento. Rodeado e protegido por duendes, trolls e almas de luz. Almas de criação, imaginação. Construtores universais de galáxias impenetráveis! Transformou-se me cristal, num diamante... Era senhor do universo, era o universo. Era tudo, era todos. Era LUZ!