segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Palestina

Se não existisse Israel, existiria Palestina?
Ou os habitantes da actual ou futura Palestina teriam o mesmo destino dos Curdos? Genocídio por parte dos seus vizinhos por meras razões geo-estratégicas.
Como devem compreender aqui este problema vive-se mais intensamente. As pessoas por aqui pensam que o direito de matar é um direito adquirido quando se foge da doutrina instituída. Acredita-se que se pode tirar uma vida por se viver em "pecado". A partir daí quando por motivos religiosos, que ainda por cima, estão bastante misturados com a classe política e com as forças militares, se pode matar alguém ou conceber o mesmo. Cria-se um precedente, uma espécie de jusrisprudência popular que nos traz uma inúmera variedade de violências. Desde o apedrejar de uma mulher pela simples veleidade de falar com homens, ao matar de um homem porque vende umas cervejinhas ou por outros motivos que mais...Inimagináveis e inconcebíveis para a maioria dos ocidentais, confortavelmente sentados na sua sala, com o comando da sua televisão plasma de 97 polegadas na mão. "Broas" ao sabor do vento saem da boca de toda a gente. É inegável que é lamentável e repreensível a violência utilizada nestes últimos dia por parte de Israel sobre as gentes da Palestina. Escusado será dizer que o interesse desta guerra não é só o Hamas, que segundo se ouve foi criado pelos serviços secretos israelitas, virando-se o feitiço contra o feiticeiro. Os interesses são outros e de outros. Não se pense que só dos ocidentais, talvez os egípcios até se agarrassem a uma fatia destes territórios. Uma coisa é certa, nunca os governantes fazem a vontade do povo, até porque na realidade eles nem governam, navegam no meio de lobbies e interesses. Não aprovo o que se passa. Não aprovo um ataque com um tal desiquilíbrio de forças. Não aprovo a guerra, a violência em geral. A palavra que nos define anós "Humanos", só por si deveria de evitar qualquer tipo de acção semelhante...impensável. Mas há uma coisa que anda aqui a mexer com a minha cabeça... Por ser como sou, por estar onde estou, por questionar e discutir com as pessoas de cá. os dogmas e doutrinas instituídas... Porque mais do que uma vez tive esta sensação nessas mesmas conversas:
"Este gajo explodia-se pelas suas crenças"

8 comentários:

La Payita disse...

Não é fácil compreender este conflito, tão antigo e complexo, que a mim me remete sempre para perguntas sem resposta... Acabo invariavelmente em revoluções interiores e exteriores contra o sistema económico e as políticas internacionais.

Para lá das questões políticas, económicas... Concordo contigo, acontecem do outro lado do mundo coisas que são do lado de cá inimagináveis e inconcebíveis, mesmo para aqueles que não estão sentados no sofá a olhar para o plasma (bem, eu nem tenho plasma!)...

Paradoxalmente, mais fácil para mim é perceber porque se explode um gajo pelas suas crenças...

Costumo pensar nas pessoas que morreram sob tortura pela PIDE, que nunca falaram (e exemplos destes teremos muitos pelo mundo fora), que morreram porque acreditavam numa ideia... E não me consta que acreditassem numa vida para lá da morte.

Se pensarmos que os palestinianos e "vizinhos" crescem num ambiente fechado, político e religioso... Que acreditam no Paraíso... Acabamos por perceber porque se explodem.

Por isso, mais difícil para mim é compreender como fecham os olhos a estas coisas os ocidentais e aceitar as "grandes" decisões dos políticos mundiais...

catizzz disse...

Os fundamentalismos, religiosos, políticos e afins, crescem preferencialmente em ambientes de escassez, de pobreza, de desespero e ausência de esperança (nesta vida pelo menos). Para mim continuamos sempre a falar de ricos e pobres, de assimetrias, de desigualdades. Dos recursos escassos pelos quais lutam todas as nações do mundo, da guerra e da miséria que continuam a ser grandes fontes de lucro. Interessa manter muita gente pobre e desesperada, interessa a proliferação do fundamentalismo que até justifica arrasar tudo à bomba.
Tal como a LP, compreendo os que se fazem explodir... eu própria provavelmente faria o mesmo!

Jakk disse...

Pois minhas caras amigas...aí está uma coisa que não entenderei nunca...e muito me surpreende que o digam...

Jakk disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Devir disse...

Amigo:
Vou fazer uma cópia integral do teu texto e por no meu blog. E faço-o, como sabes, porque subscrevo a tua perspectiva "humana" e acho que a tua vivência na Argélia nos tempos que correm é uma brutal visão que deve e tem de ser partilhada pelo maior número de plasma comandados possível.

Watch OUT. Be careful. Take care.

Um grande Abraço,

catizzz disse...

Não percebo a tua surpresa...

Jakk disse...

Se te explodires, então, vê lá se estou longe... :S

catizzz disse...

Compreender as circunstâncias que levam aquelas pessoas, naqueles locais, com aquelas condições, a fazê-lo é uma coisa. Resolver eu explodir-me e matar uns quantos no processo é uma outra coisa, totalmente diferente. E isso, como acho que sabes, está bem longe das minhas crenças ou planos futuros. Se bem que já me ocorreu explodir uma coisita ou outra...